O bócio mergulhante possui a mesma natureza clínica dos outros outros tipos de bócios, porém, o seu crescimento especialmente se dá dentro da cavidade torácica. Dessa forma exige técnicas mais complexas para correção através da cirurgia.
O que é bócio?
Popularmente conhecido como “papo”, o bócio é um quadro clínico que consiste no crescimento crônico da glândula tireoide, sua evolução é lenta e de aparência insidiosa e pode envolver a glândula inteira (bócio difuso) ou somente parte dela (bócio nodular). E, naturalmente perceptível como uma protusão (caroço) no pescoço.
Os bócios podem ser bem pequenos, ocasionando apenas leves saliências no pescoço, ou serem maiores e mais volumosos, formando grandes massas disformes. O bócio nodular pode ser uninodular (apenas um nódulo) ou multinodular (dois ou mais nódulos).
Quando a glândula tireoide produz os hormônios em excesso, ocasiona o hipertireoidismo e quando há uma queda, além do normal, na produção desses hormônios surge o hipotireoidismo.
Sintomas do bócio mergulhante
Aproximadamente 60% dos portadores de bócio mergulhante não apresentam sintomas (assintomáticos). Esse tipo de bócio é mais comum em pessoas do sexo feminino, com histórico anterior de algum tipo de cirurgia tireoidiana e com mais de 60 anos de idade.
Geralmente, os sintomas começam a se apresentar quando o bócio começa a atingir estruturas anatômicas normais.
Os sintomas mais frequentes devidos ao “mergulho” do bócio na cavidade torácica são a disfagia progressiva (cerca de 43% dos casos), a dispneia (cerca de 59% dos casos), síndrome de compressão da veia cava superior (cerca de 5 à 9% dos casos) e em alguns casos, insuficiência respiratória aguda.
A disfonia é menos comum, porém, requer uma laringoscopia indireta pré-operatória a fim de avaliar a flexibilidade das pregas vocais (anteriormente chamadas de cordas vocais).
A alteração da função tireoidiana não foi uma descoberta frequente e, quando aconteceu, a taxa de hipertireoidismo foi menor, variando entre 9 e 13% dos casos de bócio mergulhante. O hipotireoidismo é um sintoma raro nos casos deste tipo de bócio.
O perigo deste tipo de bócio se tornar maligno ainda é um assunto polêmico. A maioria dos casos é originada do bócio multinodular coloide. O carcinoma papilífero foi responsável por 1,5 a 11,5% dos casos. Embora esses números sejam baixos, atenta para a conveniência da cirurgia, para o tratamento da doenças nesses casos.
Causas
As causas dos bócios de forma geral variam, entretanto, sempre estão associados a problemas relativos à secreção de hormônios tireoidianos. E, podem estar ligados a fatores genéticos ou adquiridos.
Veja, abaixo, as principais causas:
- Falta de iodo;
- Uso de determinados medicamentos;
- Presença de tumores (benignos ou malignos) na glândula tireoide;
- Doenças autoimunes;
- Infecções da tireoide.
Especificamente, na anatomia do bócio mergulhante, não foi evidenciada qualquer relação com fatores genéticos ou familiares.
Tratamento
Do ponto de vista da cirurgia da tireoide, este tipo de bócio é uma entidade singular. Sua dureza, volume e extensão intratorácica exigem que o cirurgião adeque a técnica cirúrgica e faça uma busca minuciosa antes de realizar a cirurgia, a fim de criar uma plano terapêutico completo.
A tomografia computadorizada é fundamental, para antever riscos e determinar se esternotomia é necessária. Entretanto, este tipo de cirurgia parece provocar mais complicações pós-operatórias do que a cirurgia convencional.
O objetivo cirúrgico é retirar todo o bócio por meio de uma abordagem cervical. A cirurgia cérvico-torácica do bócio trabalha, com estruturas anatômicas muito sensíveis. Entre elas, veias, em especial a veia braquiocefálica e veia ázigos e o nervo laríngeo inferior.
O controle de problemas nervosos e vasculares do bócio mergulhante pode ser arriscado e com um nível de dificuldade elevado, logo, é fundamental que seja comandado por um cirurgião experiente.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como cirurgião geral no Rio de Janeiro!